segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Crítica com-estructiva de uma peça de Teatro. "A Noite" de José Saramago, enc. de José Carlos Garcia

27.11.2013

Quando se leva uma peça desta dimensão para o palco, a escolha de cada pormenor, desde a casa onde vai ser interpretada até ao adereço mais ínfimo, deve ser minuciosa.
Como em tudo, só quem já viveu a experiência pode entender o amor depositado em cada palavra escrita com o objectivo de partilhar emoções vividas durante a estada enquanto espectador.
Procuro saber sobre o que vou ver, e como toda a gente, embora por vezes, não os mesmos, tenho critérios de selecção para as peças a que dedico o meu tempo.
Falando d'A Noite, houve um conjunto deles. Talvez por estar ligada ao Teatro - não presentemente, mas uma vez ligados, existem laços indestrutíveis - exista uma sensibilidade maior à Arte.
Não espero que as pessoas entendam o que penso, nem que pensem como eu penso, mas que tenham respeito ao pensamento.
Indo ao encontro do tema da peça, vivemos hoje numa sociedade livre, ou assim deveria ser. Embora não tenha vivida naquela altura, o anterior referido conjunto de factores fez-me, quase por obrigação, ir ver esta peça.
Atentando ao tema base abordado na peça, este sempre foi presente na minha vida. Falamos na Liberdade do país, que me viu nascer, da censura.
A interpretação da peça foi minunciosamente pensada, cada gesto ou respiração é sentida profundamente pelo espectador.
Fazendo uma analogia entre Teatro e Pintura, ambos têm noção de espaço em equilíbrio. Na peça, é de fácil distinção os de extrema direita dos de extrema esquerda, sendo esta prepositada.

O enredo passa-se numa redação de um jornal na noite de 24 para 25 de Abril de 1974. Vemos cada personagem em volta do respectivo papel.
Quando acontece a Revolução dos Cravos, apenas a estagiária - enquanto actriz/pessoa não era nascida, por conseguinte, não viveu esse momento histórico.

Em conversa com botões, a quem terá dado maior impacto representar este acontecimento? A quem, embora não na pele, presenciou, ou a quem apenas conhece a história?
Deste ponto de vista, a representação desta peça está de acordo com a maneira como o encenador viu e viveu o tema e assunto da mesma.
O tema e assunto da peça recai sobre a censura. Falamos de uma época em que o sexo feminino não podia votar, não tinha qualquer opinião política! Na peça vemos a estagiária como o pós 25 de Abril - sendo de esquerda e acreditando conseguir mudar qualquer coisa.

O espaço da acção é visivelmente dividido entre a extrema direita e a extrema esquerda!

Tendo em conta o meu gosto por Teatro, não só representado, mas também lido, cresço ao ler sobre peças, biografias, percursos enquanto seres humanos. O actor é, por norma, uma pessoa bastante sensível que vive intensamente aquilo que transmite ao público, tornando-o o mais real possível. Em concordância com a acção teatral, penso ser importante factos serem relatados e representados numa área tão importante como o teatro.

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